terça-feira, 31 de maio de 2011
















Um dos mestres...Florestan Fernandes.
 Florestan Fernandes , nascido em São Paulo, aos 22 de julho de 1920 , um  dos mais aplaudidos sociólogos brasileiros. Sua peculiar história de vida, o ingresso na vida Acadêmica e sua obra fazem de Florestan, para além  da sua genialidade, um exemplo de Ser Humano e um notável intelectual. 
Sua luta pela vida começou já na infância, para conquistar o próprio nome - já que patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que Florestan não era nome de pobre - e sobreviver começou a trabalhar aos seis anos. Segundo seus próprios relatos, Florestan Fernandes enfrentou, ainda criança, enormes dificuldades para estudar. Filho de mãe solteira, não conheceu o pai. Começou a trabalhar, como auxiliar numa barbearia, aos seis anos. Também foi engraxate. Estudou até o terceiro ano do primeiro grau. Só mais tarde, voltaria a estudar, o que o impediu de completar o curso primário e o levou a se formar no curso de madureza (supletivo, estimulado por frequentadores do bar Bidu, no centro de São Paulo, onde trabalhava como garçom. Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, formando-se em CIÊNCIAS SOCIAIS. Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de mestre com a dissertação "A organização social dos Tupinambá". Em 1951, defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A função social da guerra na sociedade tupinambá", posteriormente consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora com maestria o método funcionalista. Fernandes também foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra.
O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário com MAIS DE CINQUENTA OBRAS PUBLICADAS, transformou as ciências sociais no Brasil e estabeleceu um novo estilo de pensamento. Sua origem humilde conferiu a Florestan um olhar perspicaz e metodológico, porém extremamente sensivel á dinâmica social que o cercava. 
A obra de Florestan Fernandes, fortemente marcada pelo peculiar estilo metodológico, inaugura uma nova fase na sociologia brasileira, além de descortinar novos horizontes na pesquina e nos diagnosticos sociais. Toda a sua produção intelectual está impregnada de um estilo de reflexão que questiona a realidade social e o pensamento, contribuindo imensamente para  a compreensão da formação do povo brasileiro, as estruturas sociais dominantes e utilizando a economia como pano de fundo em muitos de seus artigos e ensaios. Utilizando o pensamento marxista com um dos seus vieses, foi um dos exponetes da reflexão sociológica aprofundada  em uma época em que a Sociologia emergia no Brasil, como um dos intrumentos de analise social mais   abragente. 

A reflexão de Florestan Fernandes sobre os fundamentos lógicos e históricos da explicação sociológica inspira-se nessa perspectiva crítica; constrói-se com ela. Aí se localiza a cuidadosa análise das três matrizes clássicas do pensamento sociológico: o método funcionalista, ou objetivo, sistematizado por Durkheim; o compreensivo, formulado por Weber; e o dialético, criado por Marx. Elas sintetizam muito do que se havia pesquisado e pensado até então e estabelecem os paradigmas ou estilos de pensar a realidade social, que exercem influência marcante em todo pensamento sociológico no século XX. "O método de compreensão, cuidando dos problemas pertinentes à socialização e às bases sociogenéticas da interação social, permite abstrair as variáveis operativas de um campo a-histórico; o método objetivo (ou genético-comparativo), focalizando os problemas ontogenéticos e filogenéticos colocados pela classificação das estruturas sociais, permite abstrair as variáveis operativas, combinadas em constelações nucleares mutáveis, de um campo supra-histórico; e o método dialético, tratando das relações existentes entre as atividades socialmente organizadas e a alteração dos padrões da ordem social, que caem na esfera de consciência social, permite abstrair as variáveis operativas de um campo histórico". Cada método lida com a realidade social de forma peculiar quanto à relação do real com o pensado e vice-versa. Essas peculiaridades estão simbolizadas no tipo ideal weberiano, no tipo médio durkheimiano e no tipo extremo marxista. Cada um "representa uma construção lógica ou mental, produzida em função dos intuitos ou propósitos cognitivos do investigador" (4). Sob vários aspectos, a minuciosa e fundamental análise desses paradigmas propicia o resgate do conteúdo crítico do pensamento clássico. Resgate esse cada vez mais estimulado pela reflexão dialética.  Foi mestre de sociólogos renomados, como Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. Cassado com base no AI-5, em 1969, deixou o país e lecionou nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Yale (EUA). Retornou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985.Florestan esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação. Em 1986 filiou-se ao partido e exerceu dois mandatos de deputado federal (1987-1991 e 1991-1995). fazendo curso de madureza, estimulado por frequentadores do bar Bidu, no centro de São Paulo, onde trabalhava como garçom. Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, formando-se em ciências sociais. Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de mestre com a dissertação "A organização social dos Tupinambá". Em 1951, defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A função social da guerra na sociedade tupinambá", posteriormente consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora com maestria o método funcionalista.
Uma linha de trabalho característica de Florestan nos anos 50 foi o estudo das perspectivas teórico-metodológicas da sociologia. Seus ensaios mais importantes acerca da fundamentação da sociologia como ciência foram, posteriormente, reunidos no livro "Fundamentos empíricos da explicação sociológica". Seu comprometimento intelectual com o desenvolvimento da ciência no Brasil, entendido como requisito básico para a inserção do país na civilização moderna, científica e tecnológica, situa sua atuação na Campanha de Defesa da Escola Pública, em prol do ENSINO PÚBLICO, laico e gratuito enquanto direito fundamental do cidadão do mundo moderno.
Florestan orientou dezenas de dissertações e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista. Inicialmente no bojo dos debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares, produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia do capitalismo monopolista.
Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi Visiting Scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e Visiting Professor na Universidade de Yalee, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1975, veio a público a obra "A revolução burguesa no Brasil", que renova radicalmente concepções tradicionais e contemporâneas da burguesia e do desenvolvimento do capitalismo no país, em uma análise tecida com diferentes perspectivas teóricas da sociologia, que faz dialogar problemas formulados em tomMax Weber com interpretações alinhadas à dialética marxista. No inicio de 1979, retornou a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, agora reformada, para um curso de férias sobre a experiência socialista em Cuba, a convite dos estudantes do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Em suas análises sobre o socialismo, apropriou-se de variadas perspectivas do marxismo clássico e moderno, forjando uma concepção teórico-prática que se diferencia a um só tempo do dogmatismo teórico e da prática de concessões da esquerda. Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita. Em 1990, foi reeleito para a Câmara. Tendo colaborado com a Folha de S. Paulo desde a década de 1940, passou, em junho de 1989, a ter uma coluna semanal nesse jornal.
O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que foi orientado em seus trabalhos acadêmicos por Florestan, estabeleceu com ele forte relação afetiva, mantida até a morte do sociólogo.
Florestan, com graves problemas no fígado, em 1995, submeteu-se a um transplante de fígado mal sucedido no Hospital das Clínicas de São Paulo, realizado pelo professor Silvano Raia. Morreu pouco após a cirurgia. No entanto sua inestimável contribuição para o pensamento sociológico, ainda norteia os diagnósticos sociais, a análise das estruturas, e a observação critica e aprofundada acerca do tecido social e suas dinâmicas. 





sexta-feira, 27 de maio de 2011





“Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.” Santo Agostinho

Pensar com os ouvidos

A linguagem que utilizamos quando comunicamos, exprimimos e discutimos ideias costuma ser um bom indicador do grau de desenvolvimento cultural e científico de uma comunidade. A falta de rigor e de precisão, as confusões conceptuais, a opacidade semântica, a terminologia vazia, pomposa e pseudo-científica são indícios claros de atrofiamento cultural, científico e académico. Infelizmente, no nosso país isso verifica-se mesmo onde não seria de esperar: nas escolas e universidades, na comunicação social, em documentos oficiais, etc. 

Vem isto a propósito de uma ficha de avaliação dos professores oriunda do ministério da educação e na qual se pede para avaliar «a planificação do processo de ensino-aprendizagem do professor». Eu bem sei que, a julgar pelo que ouço e vejo escrito quase todos os dias nas escolas, os professores não ensinam; antes participam num processo de ensino-aprendizagem. E, como é isso que se ouve dizer diariamente por pessoas com autoridade na matéria, acabamos quase todos por repetir o mesmo. 

Enfim, num lugar em que se espera que as pessoas pensem com a cabeça, uma boa parte acaba por pensar só com os ouvidos. E assim se repete o infeliz jargão pseudo-científico de que os professores preparam o seu processo de ensino-aprendizagem. 

Mas, se reflectirmos um pouco mais, verificamos que isso não faz qualquer sentido; facilmente percebemos que ao professor cabe ensinar, preparando bem o que e como ensina, ao passo que ao aluno cabe simplesmente aprender. Claro que há aqui uma relação entre quem ensina e quem aprende - e que um lado não existe sem o outro - mas o professor ocupa apenas um dos lados da relação enquanto o aluno ocupa o outro, pois nem a função do professor é aprender nem a do aluno é ensinar. Assim, o que compete ao professor é preparar bem o que ensina, de modo que seja eficaz no que faz. Dizer que o professor deve preparar o seu processo de ensino-aprendizagem faz tanto sentido como afirmar que um vendedor de automóveis deve preparar o seu processo de venda-compra. E cabe na cabeça de alguém dizer que, quando uma pessoa fala com outra, não está bem a falar mas antes num processo de fala-escuta?

Confundir o que é conceptualmente distinto só para dar um ar de falsa erudição é um triste sinal de que a encenação e a pose ocupam o lugar do pensamento. E insistir em tal jargão só porque é o que se costuma ouvir é o mesmo que pensar com os ouvidos.

"O conhecimento é o processo de acumular dados; a sabedoria reside na sua simplificação." 
(Martin H. Fischer)



esse eu quero assistir...

Storyline:  Após perder a esposa e a caminho do suicídio, um homem se depara com "O Livro dos Espíritos". Inicia-se então, uma jornada de transformação interior rumo aos mistérios da vida espiritual e suas influências no mundo material. 




Produção: Mundo Maior Filmes 2010

Nelson Xavier no set de "O Filme dos Espíritos"