quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fé...quanto custa??

Gostaria de compartilhar um fato inusitado que me ocorreu ontem, ao passar de onibus pelo centro da cidade. Olhei distraidamente pela janela e eis que uma faixa escrita com letras garrafais e coloridas traz o seguinte enunciado: "Próxima sexta-feira: Um milagre irá acontecer na sua vida! Venha participar da nossa sexta-feira da corrente libertadora, com o Pr. ......." 
Enquanto o onibus, parado,  aguardava o sinal de trânsito fiquei lendo aquelas palavras e refletindo acerca da um fenômeno que prefiro chamar de "comercialização da fé" e que sinto que é cada vez mais comum, tato regiões periféricas, quanto nos grandes centros urbanos. A faixa pendurada em local estratégico e de forte apelo não me chamou a atenção despretensiosamente. Ela estava ali para chamar MESMO a atenção, seus dizeres deixaram meu cérebro confuso por alguns instantes: Seria aquele um anuncio comercial ou o chamado para uma atividade religiosa? me ocorreu tambem a origem da palavra "religião", que tem como um dos seus muitos significados atribuidos a nobre tarefa (pelo menos a priori) de nos "re-ligar a  nossa origem, a Deus ou a alguma divindidade equivalente". Aquela faixa me parecia muito mais um artigo causador de poluição visual do que de fato um convite para me religar a um estado espiritual superior. 
Refletindo conclui reticentemente que a faixa era sim um convite para o tal culto, mas que nem assim excluia seu caráter comercial. Ou seja, nos tempos atuais em que comércio e religião utilizam-se dos mesmos meios e estratégias para atingir seu "público-alvo", quem disse que em muitas ocasiões os dois não podem ser a mesma coisa? ou pelo menos terem a mesma "lógica" ? Nada contra a principio, afinal, cada um se utiliza dos meios q tem e das estratégias que acha conveniente e apropriado, o que me intriga nessa história toda e a pergunta que mais me vem a mente é a seguinte: Até aonde o homem vai movido pela desesperança, por um sistema opressor e muitas vezes excludente ? Oras! o desespero não deveria "tapar os olhos das pessoas" e tirar de si o minimo de senso reflexivo e de análise crítica a que dispõem! O encontro com o Divino e com as coisas divinas não deveria se dar em um momento de desespero e a busca por isso não deveria ser marcada por destemperança e sim por uma sensatez que não nos deixa insensiveis, mas onde a fé pode se manifestar com "olhos bem abertos".
Mas tudo bem, longe de fazer apologia a uma latente aversão ao neopentecostalismo e respeitando as "armas" que cada um usa em seu "combate", sempre  acabo imaginando que cada um faz o melhor que pode fazer , ou pelo menos usa as estratégias que conhece e que considera adequadas.
Para quem saber ler...um pingo é letra



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